Hoje e o primeiro dia sem você.
Houveram outros dias em que você não estava.
Não permanecia aqui como personalidade externa a mim.
A casa era sua, mas você viajava.
Mas nestes dias, você continuava pleno dentro de mim: suas expressões, das mais simples (que se ta arrumando ai) a mais intima (Toda minha você), seus sorrisos, sua voz, seus melindres, suas indecisões, seu gosto, sua ânsia, seu abandono, seu gozo, tudo isto e todo o resto de você permaneciam guardados em espaços que fui abrindo em minha casa para te receber, da mesma forma como te recebi como mulher; integralmente!
Hoje não.
Hoje comecei a despejar de minhas entranhas emocionais os teus marcos, seus traços, suas balizas fixadas neste latifúndio que sou eu.
Busco desprender-me de você. Anseio para que a ultima lembrança se vá e que leve os filhos: a saudade e a necessidade física de pertencer a você.
Hoje estou abrindo a janela da casa para que o sol aqueça e clareie todos os cômodos. E ponha porta á fora cada lembrança. Que reste uma casa arejada para ser locada à alegria plena novamente.
Resguardemos somente o sótão e o porão. No primeiro fica guardada a mais plena felicidade que vivi com você e no segundo a mais dolorosa decepção.
Afinal de contas, casa com historia é bem mais bonita.
Coloquemos flores nas janelas!